À espera do inesperado

Por Natália Mincev

Nunca fui do estilo de “as melhores coisas acontecem sem planejarmos”. Na realidade, sempre gostei de saber hora, lugar e de ter um planejamento, nem que fosse o básico. A sensação de segurança funciona como um alívio e um gás a mais para seguir.  Viajar sempre foi (e arrisco dizer que sempre será) uma das minhas maiores paixões. O
cheiro, os sons, os sabores, os amores, cada lugar nos passa um sentimento diferente e não adianta comparar suas experiências com as de outras pessoas.
Acredito que a importância em trocar experiências não esteja necessariamente ligada ao planejamento de sua próxima aventura, mas sim em aprender um pouco mais sobre outro ponto de vista. Eu gosto muito de compartilhar minhas histórias e ouvir as histórias alheias, mas sei que nada do que eu ler na internet, em livros ou escutar dos
outros vai corresponder à minha vivência. O bom mesmo é você sentir e entender a visão de outras pessoas, isso nos motiva a ver nosso próximo destino de outro jeito e é por tudo isso que viajar me torna mais leve, mais aberta ao inesperado e aos imprevistos.
E tive certeza disso quando decidi tirar férias em meu último emprego. Estava ansiosa por viajar pelo Brasil, por um período maior que o normal e montei um roteiro de 15 dias pelo Espírito Santo e Bahia. Lugares que viviam nos meus pensamentos, finalmente, ganharam espaço no papel e tive o prazer de compartilhar o planejamento
dessa aventura com uma querida amiga, que acatou a ideia logo que falei sobre a viagem.
Passagens compradas, hostels reservados, estava tudo certo. Bom, nem tudo. Vitória, nossa primeira parada, estava um caos com a paralisação dos policiais, que interferiu de maneira direta no funcionamento da capital e de algumas regiões próximas. Pensamos muito se continuaríamos com a ideia de encarar esse roteiro e duas
semanas antes da viagem, optamos por deixar esse mochilão para uma próxima chance. Minha amiga acabou desistindo de viajar por conta do Mestrado e então me vi meio perdida, sem saber qual destino seguir.


A Rota da Emoções chegou tão tranquila, tão leve, que não pensei muito antes de abraçar a ideia, dada por um grande amigo meu. Confesso que a ideia de viajar sozinha de novo, dessa vez dentro do Brasil, me trouxe um misto de sensações, desdemedo até êxtase. Parecia que a Rota havia aparecido com um único objetivo: que eu me reconectasse comigo mesma.
Maranhão, Piauí e Ceará. São os três Estados que fazem parte da Rota das Emoções. Consegui o reembolso integral da passagem aérea que havia comprado e encontrei uma mais barata, chegando por São Luis e voltando por Fortaleza, reservei os hostels e alguns traslados e dias depois já estava embarcando.As histórias sobre essa aventura talvez fiquem para uma outra chance, até mesmo porque eu poderia escrever páginas e páginas sobre tudo o que vivi naqueles 15 dias, todos os perrengues e emoções que passei, os cheiros e gostos que senti, os amores que me pegaram de jeito e como voltei diferente após conhecer tanta coisa.
Escrevendo esse texto, me dei conta como fazer planos é bom, imaginar como as coisas serão, ter um objetivo e ir atrás. Mas ao mesmo tempo é tão gostoso sentir que nem sempre o melhor que pode acontecer está em nossas mãos. Trabalhar essa ideia na cabeça não é tão fácil quanto escrever sobre ela, às vezes alguns fatos ocorrem
em nossas vidas e não entendemos o motivo. Porque simplesmente não precisamos entender. Deixar o coração e a mente abertos para o inesperado pode nos ajudar a passar por situações difíceis de maneira mais leve. É aquela velha história de que o caminho vale mais que a chegada, sabe?

São Paulo, 30 de Agosto de 2017.

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