Cassandra de Pecol é a primeira mulher a conhecer todos os países do mundo

O projeto Expedição 196 da estadunidense Cassandra de Pecol, 27 anos, ganhou a mídia há alguns meses. Ela começou a sua viagem em julho de 2015 e como embaixadora do International Institute for Peace Through Tourism  (Instituto Internacional pela Paz Através do Turismo) visitou 196 países.

A partir desta experiência, ela tinha como missão produzir um documentário para o instituto. Além disto, recolher amostras de água ao redor do mundo para o Adventurers and Scientists for Conservation.

Assim, ela recebeu o título de a primeira mulher a conhecer todos os países do mundo ao terminar sua expedição em fevereiro de 2017. Ela teria gastado 198.060 dólares em 18 meses e 26 dias de viagem.

Segundo um trecho de uma entrevista concedida para a Red Bull, a ideia da expedição, teria surgido a partir de um sonho de infância. “Desde criança sonhava em ver cada país deste planeta; já a ideia de quebrar o recorde surgiu da estrela de TV norte-americana Eric Hill, que morreu tragicamente num acidente de parapente antes de conseguir completar a viagem. Isto realmente teve um impacto em mim e me fez perceber que nunca sabemos quanto tempo teremos e que deveria apenas seguir o meu instinto e ir.”

Foto: Cassandra de Pecol // Instagram

Que tipo de viagem estamos promovendo?

A partir da história da Cassandra, levantei alguns questionamentos. Ela nos fala de uma perspectiva de se lançar e viver o que se tem para viver aqui-e-agora, pois não sabemos que intempéries podem surgir em nossos planos e como os rumos da nossa vida podem mudar. Suas experiências ganharam o mundo e ela se tornou referência por ter feito algo que seria inovador.

Entre entrevistas, palestras e a produção do próprio documentário, Cassandra virou a primeira mulher há conhecer todos os países do mundo. A primeira pessoa recordista da categoria, digamos assim, seria Yili Liu, professor da área de engenharia da Universidade de Michigan, que em 2010 visitou todos os países soberanos (194) em três anos, três meses e seis dias.

Diante destes dados, de que tipo de viagens estamos falando? Que tipo de turismo estamos incentivando? O que de fato permite que conheçamos um país? Tendo em vista o caso de Cassandra, a média dela de um país era de 2 a 5 dias. Esse tempo reduzido nos permite conhecer a cultura daquele lugar? A expedição 196 é algo inatingível?

São muitos questionamentos. É preciso ter cautela. Cada vez mais se fala em turismo como uma forma de consumo, muitas vezes rápida, de cultura e ao consumirmos uma cultura podemos colocar em risco uma certa tradição, noção de ancestralidade e relações sociais estabelecidas.

Cassandra deve ter tido experiências incríveis e transformadoras. Fica o seu conselho dito na entrevista da Red Bull: “apenas marcar um bilhete de ida e nunca olhar para trás. Confiar no desconhecido e desfrutar a liberdade de viajar sozinho – te dá muito mais oportunidades para conhecer pessoas e ver o que realmente você quer ver.”

Publicado originalmente em M pelo Mundo.

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