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Conhecendo São Francisco Xavier, vivenciando o seu céu

Pare. Olhe. Escute. 

Esses três verbos me moveram neste final de semana em São Francisco Xavier, a convite do Projeto Viagens da Consciência. Tendo como tema Relacionamentos, a vivência tinha como uma das práticas a observação noturna do céu de SFX.  Mas te conto que foi algo completamente fora da minha zona de conforto: fizemos uma trilha de quase duas horas, subindo a montanha rumo ao Mirante, de onde é possível observar São José dos Campos, à noite, sem lanternas. Não houve nenhum erro de percurso aqui. Iluminados pela Lua Cheia, a ideia era fortalecer as relações estabelecidas entre o grupo e uma forma de nos guiarmos por outros sentidos também. Fui apreensiva e os meus pensamentos caíam aos borbotões: Socorro! Onde eu vim parar? Tenho tanto medo de escuro! E se eu cair morro abaixo? Vou atrapalhar o grupo, sou super devagar. Se eu despencar daqui, minha mãe vai ficar tão brava comigo, nem vou ter tido tempo de me despedir. Não quero ficar pra trás! Tenho tanto medo de altura. Se eu já sofro fazendo trilha de dia, imagina à noite. 

Se tivesse uma forma de medir a velocidade dos nossos pensamentos, eu nem ficaria assustada com os números dos meus. Penso muito e me atropelo com eles. Por vezes, eles me prendem e não realizo as coisas que desejo, por medo de não conseguir. Desta vez, eu deixei eles chegarem na minha cabeça e passarem tão livres quanto vieram.

Viajando em grupo

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Pleníssima na cachoeira, rainha do tripé // Foto: Thaís Carneiro

Por aqui, eu quase faço uma ode à viagem sozinha, não é? Já trouxe mais de 100 relatos de experiências minhas e de outras mulheres, contando o quão rico é lidar com a sua própria companhia. A minha primeira viagem sozinha foi um marco na minha vida, pois eu fui percebendo o que eu gosto de fazer e o que eu fazia para agradar aos outros. Essa é uma linha divisória que se torna muito tênue quando a gente vai construindo relacionamentos íntimos, amorosos ou não, e acaba sendo um esforço considerável, entender o que se passa dentro de nós. 

Buenos Aires, meu intercâmbio (2010)

Cada experiência de viagem é única e te conto que estar em grupo desta vez, foi muito especial. Eu já estava começando a me engessar na visão de que viajar em grupo é um elemento limitador, pois cerceia as vontades individuais. Esta vivência me trouxe o quão rico e valioso é pensar coletivamente, como prática, sabe? Sou uma pessoa que falo muito sobre o coletivo, sobre como viver em sociedade exige pensar dentro de uma chave maior, mas pensar em si mesmo às vezes fala mais alto e é importante se observar.

Além disto, há todo um direcionamento da terapeuta Dora M. Bentes, que deu início ao Viagens da Consciência, para construir laços intra-grupos. Esta preocupação gerou até um momento pré-viagem.

 

Preparando-se para viajar

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A entrada do centro terapêutico Dora M. Bentes em São Paulo // Foto: Thaís Carneiro

O nosso encontro estava marcado para às 8h da manhã, apesar da viagem estar marcada para às 12h. Três horas de um encontro pré-viagem e uma hora de intervalo até a saída da van. Fiquei matutando que era um período muito longo para conversarmos, mas não fazia ideia do que podia rolar. Sabia que era um meio de integrar o grupo previamente, antes de cairmos na estrada.

O grupo é super heterogêneo, com pessoas de 21 a 70(!) anos e a maior parte, mulheres. Quase todos ali estavam já envolvidos de algum modo com o objetivo da viagem, seja por fazerem cursos no Centro de Desenvolvimento Dora M. Bentes, seja por serem pacientes da própria. Apenas eu e outra mulher não fazíamos parte do clube, por assim dizer. Se para mim, o grupo era algo novo, a própria linguagem ali falada era outra novidade.

Neste encontro foi discutido o que estávamos indo fazer lá afinal e quais os objetivos a serem trabalhados. A terapeuta Dora começou contando sobre este céu que nos aguardava, como bem a jornalista Mariana Veloso descreveu:

  1. Lua, que representa os vínculos emocionais, estará transitando entre as constelações de Libra (relacionamentos) e Escorpião (transformação);
  2. Vênus, o planeta que rege as relações interpessoais, estará em Gêmeos; trazendo alegria e leveza às relações.
  3.  Júpiter, o maior astro do Sistema Solar, que traduz as infinitas possibilidades da vida, estará posicionado em Escorpião, trazendo uma atmosfera de envolvimento pleno e profundo.

Cada um recebeu o seu mapa astral e analisamos o movimento destes astros, trazendo interpretações para o nosso cotidiano, alimentando a construção de um plano de ação.

Se quiser saber mais sobre a viagem com outra perspectiva, leiam este artigo incrível produzido pela jornalista Mariana Veloso Lima:  Foram desligadas as lanternas e acesas as luzes do coração .

 

Observação do céu noturno de São Francisco Xavier

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A lua cheia chegando// Foto: Thaís Carneiro

Grande parte das nossas vivências foram realizadas no próprio terreno da hospedagem que nos acolheu, a pousada Pouso do Rochedo. Demos um pulo rápido na ida e na volta na cidade de Monteiro Lobato, que fica no meio do trajeto de São José dos Campos e São Francisco Xavier. Falarei mais sobre isto em um post à parte, pois tenho várias dicas boas se você estiver de passagem pela região.

Começamos a trilha para o mirante da pousada lá pelas 18h, quando estava começando a escurecer e os olhos acabaram demorando a se acostumar com a luminosidade. Tendo Dora e Ricardo, outra peça-chave do Viagens da Consciência, como guias, eles estavam munidos de mapas, rádio, bússola e lanternas. Porém, Dora colocou a ideia de aproveitarmos a lua cheia para aguçar outros sentido. Por incrível que pareça me senti mais segura do que com a lanterna. Em alguns momentos pontuais, ela foi ligada para quem se sentia mais inseguro com o trajeto, pois pegamos uma subida e uma descida bem íngremes, já que circundamos a montanha. Porém, a iluminação artificial me tirava do eixo e os olhos demoravam a se acostumar novamente. Como a trilha é bem demarcada, próximo a piranbeiras, existem cordas de aço que servem como corrimões de certo modo ao aventureiro do dia.

Depois de passarmos pelo Mirante de onde era possível observar São José dos Campos, chegamos a um descampado em que a Lua Cheia estava gigante e esplendorosa. Sentamos para uma meditação guiada de cerca de 20 minutos, em uma conexão com o luar e o frio já tinha passado nessa hora.  

Voltamos por uma trilha pelo o outro lado da Montanha, um pouco menos íngreme e desta vez quem nos guiou foi o Roberto e estava eu no grupo da frente em grande parte do trajeto. Isto foi uma conquista e tanto para mim, pois me sinto muito mais lenta que o restante do grupo, muitas vezes.

Fechamos a noite no alojamento das mulheres, à beira da lareira, lá pela meia-noite. Mais delícia impossível, não é? Foi também a primeira vez que eu vi uma lareira acesa. Sempre foi o meu sonho de menina.

 

Trilha das 7 cachoeiras

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Aquela plaquinha que dá um quentinho no coração// Foto: Thaís Carneiro

Antes de chegarmos à trilha das 7 Cachoeiras, fizemos a curta Trilha dos Tropeiros como uma caminhada mediativa em silêncio, com o exercício de sentir a vivência pelo qual vínhamos passando desde o dia interior. Silenciar por fora é mais fácil do que por dentro, sabiam? Lembram dos meus pensamentos em looping? Pois é, eles vinham, mas um pouco mais lentos e eu voltava a me concentrar.

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Chegando na primeira cachoeira// Foto: Thaís Carneiro

Apesar da Trilha das 7 cachoeiras trazer este número, vimos cerca de 8 pelo caminho. Ficamos imersos nas trilhas por cerca de 3 horas, em que a cada cachoeira trabalhávamos o alinhamento dos nossos chacras. Sei um pouco sobre eles, pois cheguei a fazer um curso de dança do ventre que tinha o mesmo enfoque. Mas a atividade consistiu em ativarmos estes focos de energia através do contato com as quedas d’água. As percepções foram diversas, mas para mim, o toque da água vinha com uma força surreal e senti bastante frio, o que naquele contexto foi colocado como uma questão para pensar a forma com que lidamos com as nossas emoções também.

Como estou com dores na lombar e em tratamento com a ortopedista, que me levou a muitas sessões de fisioterapia, fiz apenas cinco das oito cachoeiras. Mas te conto que precisa ter fôlego e bons calçados ou o bom e velho pé no chão com muita consciência.

Sobre o projeto Viagens da Consciência

Conheci o projeto através uma amiga queridíssima de anos, a jornalista Mariana Veloso, que é paciente da Dora e tornou-se parceira em um braço do Viagens da Consciência, que são as viagens de curta duração. Foi através dela que recebi este convite e deixo a vocês a definição deles.

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A entrada do centro terapêutico Dora M. Bentes em São Paulo// Foto: Thaís Carneiro

“O Projeto Viagens da Consciência® surgiu com a intenção de trazer o novo para aquelas pessoas que sentem que há algo maior em suas vidas e que desejam alcançar o verdadeiro sentido da felicidade e bem estar.
Através de um método único que envolve viagens, meditações e interações, auxiliamos as pessoas a abrirem seus corações para ouvirem seu “eu interior” e assim expandir a consciência em busca da realização e felicidade em suas vidas.

O Projeto Viagens da Consciência®️ já levou grupos para Irlanda, Inglaterra, Chile, Peru, Chapada dos Guimarães (Brasil), Escócia, Portugal, Jalapão (Brasil) e outras localidades no interior de São Paulo e Minas Gerais.”

 Próximas viagens: www.dorambentes.com/viagens-programadas

Onde se hospedar & Onde comer

Pousada Pouso do Rochedo

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Um pouco mais da estrutura da Pousada Pouso do Rochedo// Foto: Thaís Carneiro

A hospedagem fica antes da entrada da cidade, na estrada de Santa Bárbara, e foi lá que dormimos e comemos. Todas as mulheres ficaram em um alojamento com uma estrutura simples,  uma lareira gostosinha e uma edredom surreal de gostoso. (Sério, eu sou viciada em edredons fofinhos!)

A estrutura em si da Pousada é incrível, pois você pode acessar pelas trilhas o mirante e as cachoeiras. Se você quiser algo menos adventure, dá pra aproveitar as espreguiçadeiras na beira do lago e das piscinas (uma delas, natural).

Por fim, sobre a alimentação, o café da manhã é delicioso e cheio de opções fresquinhas. O almoço e o jantar têm um atendimento mais lento e para mim que sou vegetariana, achei as opções mais fracas. O staff é super atencioso!

Dica de como chegar:

Antes do portal da cidade vire na rotatória a direita (possui um ponto de ônibus), entre na estrada de Santa Bárbara e ande 8km.

Coordenadas para GPS: -22.853811,-45.909988

Endereço:

Estrada de Santa Bárbara, km 8 – São Francisco Xavier – S.P.

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Vontade de se jogar na rede// Foto: Thaís Carneiro

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Vi a Mari meditando e não perdi a oportunidade // Foto: Thaís Carneiro

 

 

*A vivência com o projeto Viagens da Consciência foi uma cortesia do mesmo. Todas as parcerias estabelecidas com o blog, partem de uma curadoria específica que dialogam com uma forma de viajar específica: o slow travel e trocas comerciais humanizadas.


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3 comentários em “Conhecendo São Francisco Xavier, vivenciando o seu céu

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