Mulheres Viajantes: ~ Francine Polidoro

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Na infância e na adolescência, eu praticamente não viajava. Como meus pais sempre trabalharam como autônomos, nunca puderam tirar férias. Assim, nos períodos de recesso escolar, eu ficava em casa descansando ou ajudava meus pais no trabalho. Vez ou outra eu ia passar uns dias no litoral com meus tios ou com a família da minha melhor amiga. Viajar, então, nunca tinha sido um valor para mim.

A coisa mudou de figura uns três anos atrás, quando, já adulta e ganhando meu próprio dinheiro, consegui fazer uma pequena economia para conhecer Buenos Aires, Argentina. Foi em 2013, ano em que eu iria me formar na faculdade (sou formada em Letras). Pagar horrores para poder participar da festa de formatura estava fora de cogitação para mim, já que isso nunca foi um desejo. Então, comemorar a minha conquista viajando a um país cujo idioma é o espanhol, língua que eu estudei na graduação, pareceu-me bem mais atraente e cheio de sentido. Em dezembro de 2013, fui com minha mãe, Arminda, até a terra dos nossos hermanos, praticar um pouco do meu espanhol capenga.

A partir dessa viagem, tomei gosto. No ano seguinte, em dezembro de 2014, decidi ir a Ouro Preto, Minas Gerais, cidade que, pelas fotos e pela história, sempre me encantou. De início, por não imaginar quem poderia ir comigo, a ideia era ir sozinha, pois queria viajar de qualquer jeito. Mas, ao comentar com minha grande amiga Dani sobre os meus planos, ela perguntou se não poderia ir junto. Achei bacana compartilhar com alguém a experiência e fomos.

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Viajar com a Dani foi tão agradável, que ela acabou virando minha parceira de viagem oficial, ainda que tenhamos viajado somente mais uma vez depois de Ouro Preto. Foi em dezembro de 2015, quando, continuando em Minas, fomos a São Thomé das Letras (cidade bem mística), juntamente com três amigas: Cássia e sua namorada na época, Mari, e Andréa. Foi uma experiência diferente da de Ouro Preto – já que a viagem foi feita em grupo -, mas igualmente agradável.

A última viagem que eu fiz, diferentemente das outras, feitas todas com mulheres, foi com meu amigo Rafa, quando fomos a Paraty, Rio de Janeiro, em julho deste 2016 (e não, não fomos na época da Flip, rs). Desta vez, a sensação que eu tive era de que eu estava numa Ouro Preto versão litorânea, já que Paraty também é uma cidade histórica. E viajar com um amigo, apesar de ser algo novo, deu super certo, já que o Rafa tem um jeito tranquilo como o meu.

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Em três anos, foram quatro viagens, bem diferentes entre si, não só pelos lugares, mas principalmente pelas companhias. Na viagem com minha mãe, por exemplo, houve muito mais desentendimentos do que com os amigos, já que o grau de intimidade é altíssimo. Por outro lado, viajar só com uma pessoa possibilita grande facilidade no que diz respeito a decisões simples (onde vamos comer? qual passeio faremos?), em comparação a quando se viaja com mais gente. No entanto, viajar em grupo dá maior sensação de segurança, principalmente quando se pensa numa viagem só de mulheres, o que foi igualmente percebido na viagem com o amigo (infelizmente, mulheres ainda hão de ter essa preocupação…).

Eu me alongaria demais se fosse tratar dos lugares visitados em si. Todos eles foram especiais e, particularmente, me proporcionaram entrar em contato com algo que me fascina, provavelmente fruto da minha formação em Letras: os modos diferentes de as pessoas se expressarem linguisticamente. Afora isso, essas viagens, independentemente do lugar e da companhia, me possibilitaram experimentar uma liberdade das amarras do cotidiano. É como se, assim como uma criança que descobre o mundo, nos abríssemos novamente para os detalhes, prestássemos mais atenção àquilo que, no atropelo do dia a dia, deixa de ter importância. Agora, viajar para mim é um valor…

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