Pé quente, cabeça fria….numa boa por Lorraine

 

 

Esse mês ficou hospedada em casa durante uma semana uma tatuadora pernambucana maravilhosa. Daquelas pessoas que cruzam seu caminho deixando e recebendo um tanto. Eu não precisei sair de casa, chegava do trabalho cansada, do rolê de sempre, naquela mesma rotina, mas a troca era inevitável. Mil e uma histórias, experiências, curiosidades e aprendizados compartilhados.

A rotina nos engole, somos bombardeadas diariamente por um cronograma que nunca desliga: fazer uma faculdade, se formar, arrumar um bom emprego, ser bem sucedida, ter uma alimentação saudável, manter um relacionamento equilibrado, se divertir, ter amigos, ser ativa politicamente e ainda ter forças para combater o machismo diário. É um cansaço físico e mental que acumulado pode gerar uma ansiedade sem tamanho. Toda vez que olho para uma mulher ao meu lado, no trabalho ou no metrô,  tenho a certeza absoluta que ela carrega o mundo em suas costas e segue firme.

Nossa sociedade, infelizmente, ainda não sabe lidar com uma mulher sozinha em um bar tomando uma cerveja e escutando um samba. Eu espero ainda ver isso sendo encarado com mais tranquilidade. Se nossa própria companhia não é o bastante em um bar, imagina em uma viagem?

 

  • Você sozinha SOZINHA mesmo? Mas não é perigoso?

 

Há tempos não boto o pé na estrada, não coloco o essencial em uma mochila e encaro as maravilhas e os perrengues de viajar só. Sim, perrengues!  Não é tão mágico como parece. Viajar só é autoconhecimento, solitário e às vezes pode ser doloroso. Encarar os medos, desafios e ser auto-suficiente, em tudo, faz com que a viagem não seja só um rolê turístico. Ianah me contando suas histórias de viagem dos últimos dois meses  me lembrou o quanto essa sensação é boa e o quanto ela nos fortalece enquanto mulheres.

Em 2014, na minha última viagem durante o intercâmbio, tive queda de pressão, meu nariz sangrou com a altitude e quase desmaiei no meio do Aconcágua. Em 2016, a maré da praia do Cachadaço subiu, bati minha cabeça em umas pedras e por pouco não fui embora junto com o meu celular. No fim do mesmo ano, um assalto horrível no meio de Copacabana às 11 horas da manhã.

Ninguém disse que seria fácil mas o importante é: por trás de cada história dessas tem um turbilhão de crescimento, aprendizado e fortalecimento que não encontrei em nenhum outro lugar. Por isso, saia despreocupada, você pode conquistar o mundo! Pé na estrada e cabeça fria!

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