Quando viajar se torna um hábito

Por muito tempo, nutri uma vontade louca de viajar e conhecer novos lugares ( mesmo na minha própria cidade!). Uma vontade de explorar que eu não sabia de onde via, mas sentia. Olhava para o meu cotidiano e não via formas de realizar, estavam todas as possibilidades sob a minha mão, mas algo me atava. Ao invés de começar a refletir sobre o que de fato me impedia de viajar, comecei a ver as viagens alheias com inveja com a ideia de que só era possível para aquela pessoa viajar porque o dinheiro estava sobrando, tinha privilégios na hora da compra ou era inconsequente com relação aos próprios deveres.

Foi então que o estalo me veio, não antes sem dor. Às vezes, a gente se vê num redemoinho sem ter nem percebido que ele estava lá. Nesse redemoinho, olhares reconfiguraram, vontades e necessidades também. Me joguei em queda livre e dali duas semanas fazia a minha primeira viagem sozinha, sozinha de tudo. Para um lugar conhecido sem conhecidos.

A partir dali, comecei a rever a minha visão sobre o ato de viajar e construí um significado próprio, que acaba por se relacionar com a viagem de outros tantos viajantes. Viajar tornou-se um hábito, dentro das minhas possibilidades e mais do que isso, tornou-se um ritual.

Um ritual? Sim! Escolho meses antes o lugar que eu quero conhecer e aí começo a pesquisa. A tríade principal é sempre explorada: hospedagem, alimentação e transporte. Feito o balanço necessário para saber e entender as minhas possibilidades financeiras, sigo a pesquisa para os relatos de viagem. Essa é a parte mais gostosa e incrível da pesquisa, pois com os relatos que encontro nos blogs, os lugares se tornam mais próximos e palpáveis. Aproveito o Evernote para registrar todas as informações pesquisadas sobre aquele lugar, até mesmo regras de comportamento se é uma viagem para outro país (Não façam como nós que chegamos no Chile e descobrimos tardiamente que beber na rua era crime com direito a prisão em flagrante!). Os relatos que mais gosto são os informais que trazem detalhes e lugares, que sites e blogs profissionais não fazem referência ou não conhecem.

A partir disto, entendendo o viajar como um hábito e uma necessidade, passei a pontuar as viagens como parte do orçamento. Parei de usar o argumento de que vou viajar quando tiver dinheiro. A maior parte das vezes, essa oportunidade não existe! Para mim, por exemplo, isto nunca passou da ideia de uma esperança de que algum dia, por ventura, sobrasse dinheiro.

Não estou aqui para endossar o discurso de muitos, de que só basta querer! Não, não estou endossando a meritocracia nem fazendo a Xuxa em Lua de Cristal!

Saber se viajar é uma possibilidade para ti, se dá a partir do momento que você parte para análise das suas próprias finanças. (Eu sei que dói! Mas tenha coragem!) e muitas vezes, quando esta análise é feita, você percebe que o seu dinheiro está se esvaindo com besteiras do dia a dia e/ou que você precisa fazer escolhas e concessões. Das minhas escolhas, o que fiz foi estipular o seguinte:

  • praticamente, não como fora por mais que trabalhe o dia inteiro bem longe de casa. Invisto em marmitas com meu almoço e lanches ao longo do dia. Se eu só almocasse fora, tendo em vista o lugar que trabalho, despenderia entre 400 e 500 reais mensalmente. Junte a isto, os lanchinhos e lá se vai uma boa grana.
  • evito comprar roupas. Se uma roupa entra, outra tem que sair e aí eu peso a necessidade de comprar aquela roupa ou não.
  • evito ir ao salão e quando vou é uma questão pontual como corte de cabelo e tirar a sobrancelha. de resto, as tentativas de beleza são em casa hahaha
  • tenho vendido bastante coisa minha em brechós online e isso te dado uma graninha legal, por mais que eu venda a partir de um valor simbólico.

E assim, vou conciliando a minha vontade com as necessidades de fato.

E vocês, como fazem?

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