CapeTown evelyn gonçalves

Me senti com asas, voava para algo desconhecido

 Por Evelyn Gonçalves

Em 2005, quis mudar completamente a minha vida, decidi que iria começar uma faculdade e fazer meu primeiro intercâmbio. Porém, vinha de uma família de baixa renda, onde 01 salario mínimo tinha que sustentar 03 mulheres. Então o que mais você ouve é que “pobre não tem lugar”, que para eu crescer teria que encontrar um cara para casar e assim crescer junto. Riam quando dizia do meu sonho de ir a Nova Iorque.

Eu sempre gostei de ler, então chegava no trabalho 01 hora antes pegava o jornal da empresa e lia tudo, depois colocava na mesa do meu chefe. Quando em outubro de 2005, ele perguntou se eu tinha interesse em continuar os estudos e fazer uma faculdade, eu logo disse que sim, e ele falou que se eu parasse de ler o jornal dele, ele pagaria metade da faculdade que eu escolhesse, corri à noite para a UNIP Norte e já fiz a minha inscrição para 2006 em pleno outubro. Ele até se espantou. Uma parte do meu sonho está em andamento, mas como farei para realizar o outro? Naquela época ganhava R$ 594,00 bruto + R$ 160,00 bônus (faculdade) e a universidade custava R$ 380,00, o restante do dinheiro era para bancar a casa (mamãe estava desempregada) e custos com materiais. Então, para tentar sobreviver, porque eu sentia que eu era capaz e tinha que aproveitar a oportunidade, comecei a ir trabalhar a pé.

CapeTown evelyn gonçalves
Curtindo a noite em CapeTown// Foto: Evelyn Gonçalves

Na universidade, conheci pessoas maravilhosas que me apoiavam sempre, me dizendo que eu era uma mulher forte (até hoje não me vejo assim) que conseguiria, e fui juntando moeda por moeda, pesquisei e procurei uma agência, no qual me orientou e disse que podia pagar como pudesse até 02 meses antes da viagem, e foi o que fiz, demorei 02 anos para pagar essa viagem. Pensei, agora vou para NY, quando simplesmente meu visto foi negado, meu mundo desabou em lágrimas, minha amiga Jéssica me apoiou e mencionou que tudo tem um propósito de Deus, mas que eu não poderia desistir. Ela mencionou que algumas pessoas estavam viajando para África do Sul e que parecia um lugar interessante e com um custo menor, voltei para agência de viagem e perguntei o que faria.

Eles me orientaram a mudar de localidade, e a escola que estava pagando tinha em Malta ou África do Sul (Cidade do Cabo), então duas vezes o mesmo país mencionado e eu decidi ir. Minha mãe ficou preocupada, pois em outro país ela não teria como “me defender” ou poder me ajudar com nada, que poderia ter realocado a grana para uma necessidade  .

Minha viagem iniciaria dia 01 de janeiro de 2009, porém no dia 24/12 à noite meu cachorro passou mal e tivemos que interná-lo às pressas, e tive custos com remédios. Ou seja, gastei uns R$ 400,00 com ele, a poucos dias da viagem. Viajei para ficar 01 mês com apenas R$ 1.200,00.

Quando entrei naquele avião e ele decolou, me senti com asas, voava para algo desconhecido, um idioma que teria que aprender na marra.

Foi a melhor viagem que fiz, não só por causa que conheci pessoas maravilhosas, conheci uma cultura linda e cheia de obstáculos como a minha vida. Foi uma viagem surpreendente, passou por cima de todas as expectativas que tive, fui em vinícolas, baladas, museus, trilhas, festas, e inesquecível. Tudo foi tão novo e tão libertador para mim, e quando eu consegui passar os 32 dias e tive que voltar, eu chorei muito, pois eu vi que eu era uma criança onde os ‘adultos’ diziam que era impossível e eu fui lá e fiz. Que se eu estava conseguindo isso, eu podia muito mais. Quando eu voltei, minha mãe estava em festa, mas disse filha com esse dinheiro você poderia ter comprado um carro, e eu disse para ela que se eu consegui fazer essa viagem, o carro eu compraria em 01 ano (isso é para outra história).

Nem sempre viajamos por medo, o problema está mais no psicológico, e estou feliz, pois depois disso conheci os Estados Unidos (Nova Iorque, Boston, New Jersey, Washington, Virginia, Pensilvania, Filadéfia, Miami, Orlando , Fort Lauderdale); México, Colômbia. Esse ano, irei para Argentina, com uma prima, pois ela tem insegurança e limitações, vou mostrar para ela que mundo está para desfrutarmos.

CapeTown evelyn gonçalves
Aproveitando os bares de Capetown// Foto: Evelyn Gonçalves

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