Mulheres Viajantes: Permita-se ~ Simone Fernandes

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Itacaré, Bahia

Viajar é algo maior que conhecer um lugar novo, diferente e distante. Viajar é autopercepção, é despertar dos sentidos e visitar lugares inexplorados dentro de nós. Talvez seja por isso que viajar sozinha seja tão importante. Quando estamos viajando sós, é como se houvesse um diálogo interno incessante, intercalados por “olha isso!”, “que lindo!”, “fulana/o iria adorar isso!”.

Logo a ideia de estar completamente só cai por terra quando temos essa conversa interna povoada de impressões pessoais e pessoas e amamos ou simplesmente gostaríamos que estivessem ali pra ver. Não há solidão. Aquela conversa casual que surge num café ou num albergue enquanto arrumamos as malas, ou fazemos um lanche pra seguir a viagem nunca aconteceriam se estivéssemos tagarelando com alguém incessantemente.

Nessas horas vamos além do guia Michelin, encontramos o restaurante mais encantador e delicioso num beco florido ou aquele prato que ninguém além dos habitantes locais já provou, aquele mochileiro gente boa que te dá várias dicas legais anotadas rapidamente num guardanapo. Fazemos amigos das fotos, aquelas pessoas que só vemos algumas vezes e jamais esquecemos. Olhamos o mundo com contemplação, reflexão profunda, nos tornamos profundamente sensoriais. E por falar em experiências sensoriais…

O cheiro daquele sabonete daquela pousada linda, o sabor de um prato de frutos do mar consumido lentamente diante do mar, aquela música que era hit no local no quando você esteve lá, uma flor, o jeito das pessoas se comportarem. Acham mesmo que se tivesse acompanhada seria a mesma coisa? Felizmente não, porque construir esse mundo paralelo é coisa que só viajantes que fazem vôo solo conhecem. Nada contra viajar em família, dou o maior valor para um almoço com a família, happy hour com as amigas, jantar com o gato, mas isso a gente pode fazer outras vezes. Atreva-se a comer a primeira fatia desse bolo sozinha. Deguste, é seu! Leve só a lembrança das pessoas queridas na bagagem para não pesar.

Viajar sozinha é ainda um resgate de identidade, uma busca às cegas do novo e de si mesma, sem palpites, sem poluição auditiva, sem spoiler, um filme inédito do mundo e de cada uma de nós. Ouse, permita-se e aventure-se.

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Itacaré, Bahia

Simone Fernandes

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