Como enfrentar o medo de recomeçar

Você tem medo de deixar tudo o que conquistou para trás e recomeçar em um país diferente? Você tem medo de não aguentar viver longe da família, dos amigos e de tudo que soa familiar? Você tem medo de fracassar e ao voltar para casa ter que encarar a todos e dizer que não deu certo? Seja bem-vinda, pois você tem os mesmos medos que eu tinha antes de decidir fazer intercâmbio na Irlanda.

Eu sempre tive o sonho de fazer um intercâmbio, aprender outra língua, conhecer outras culturas e ter um tempo só para mim, longe de tudo o que me era rotineiro. Mas, a procrastinação não deixou que eu cumprisse essa meta na época da faculdade e com dez anos de atraso eu consegui fazer as minhas malas e partir rumo ao desconhecido.

Diferente do planejado, eu não vim sozinha, vim como meu esposo. Compartilhamos do mesmo sonho e um ano após o casamento, abandonamos o emprego, vendemos os carros, pegamos dinheiro emprestado e deixamos nosso lar recém construído para trás.

Eu vim para Irlanda sem saber nada de inglês, nem mesmo os números. No começo precisei da ajuda do meu companheiro para tudo, até para pegar um ônibus. Com o tempo, fui criando confiança em mim mesma e abandonando minhas crenças limitantes.

Arrumei um emprego, fiz novos amigos, conheci lugares novos e viajei para oito países. Minha primeira viagem foi para a tão almejada Paris . Até hoje, não consigo acreditar que estive na Cidade Luz, que eu tanto sonhava vendo fotos e assistindo filmes na TV.

Tomei vinho à beira do Rio Sena, admirando a Torre Eiffel. Passeei de gôndola pelas “ruas” de Veneza, nadei no mar da Espanha e comi Pastel de Belém diretamente da fonte dos Portugueses. Conheci vários cenários de filmes e o PUB onde os Beatles começaram a tocar. Passei muita vergonha e dei muita risada também!

Hoje tenho muitas histórias para contar, um currículo recheado de experiências pessoais e uma mala transbordando de lições aprendidas pelo caminho. A Irlanda me proporcionou realizar muitos sonhos, aprender a comunicar em inglês, a me virar em um país  culturalmente tão diferente do Brasil e ter que lidar com a distância de tudo que amo. Mas, o que mais impactou na minha jornada foi o autoconhecimento.

O intercâmbio me fez perceber o quanto sou mais forte do que imaginava e com o tempo aprendi a conviver com a saudade e com as perdas, o que não significa que elas não continuam doendo. Fiz uma escolha difícil quando decidi ir em busca dos meus sonhos e deixei para trás tudo o que conheci e vivi durante 30 anos.

A vida longe de casa não é um mar de rosas, pelo contrário. É cheia de altos e baixos, superação, sangue, suor e lágrimas. Mas cada etapa vencida é como se subisse um degrau da escada da vida.

Se eu pudesse dar um conselho às mulheres que sonham em viajar o mundo, mas estão sempre arrumando desculpas e deixando para depois, seria: não existe momento certo e você nunca estará preparada. Todo dia é dia de irmos em busca da felicidade plena e de respostas para nossas inquietações. Sair da zona de conforto machuca, mas as conquistas dessa experiência curam qualquer ferida!

Leidiana Palma

Jornalista e pós-graduada em marketing, são paulina e cinéfila, vive em Dublin há quase dois anos. O amor por viagens, pela escrita e por novas experiências impulsionaram na decisão de deixar o Brasil e se aventurar no intercâmbio.

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