Juliana do Virando Gringa

O que significa viajar para você?

Putz, essa pergunta é complexa!

Viajar para mim é algo muito libertador. Quando fiz minha primeira viagem para fora do Brasil, saí de casa estranhamente calma, quem estava nervosa era minha mãe. Para ela naquele momento só era possível pensar nos perigos que eu poderia passar, e para mim era tudo aventura.

Viajar para mim significa me renovar. Quando viajo sozinha então, é como se passasse o tempo todo meditando. No período de viagem eu fico muito mais alerta para o mundo ao meu redor, dou mais atenção a detalhes, e valorizo muito mais o que chamo de “pequenas felicidades”. São coisas como comer um doce que não conhecia, ou beber um drink que nunca tinha visto antes.

E depois da viagem acabo voltando pra casa ainda alerta para os pequenos momentos de felicidade, e isso torna minha vida em casa também muito mais feliz.

 

Você acredita que o fato de ser uma mulher influencia de algum modo a sua experiência como viajante?

Com certeza. Como mencionei acima, falando da minha mãe, quando saímos para viajar sendo mulheres, estamos em constante perigo. Eu não minto para minhas leitoras quando digo que mulher tem que viajar sozinha ‘sim’ e apoio veementemente todas as leitoras que o fazem, mas eu também não escondo o fato de que a mulher tem que “ficar esperta”. Eu viajei sozinha pela primeira vez aos 19 anos. Nunca passei nenhum perrengue que não fosse contornável, mas tive muito medo, principalmente durante viagens a países tradicionalmente machistas, como o Marrocos ou a Turquia.

Não podemos mudar o país para onde vamos, então se vou a um país que exige que as mulheres usam lenço na cabeça, eu ponho lenço na cabeça. Não concordo nem um pouco com a mentalidade que impede a mulher de vestir o que bem entende, mas numa visita de pouco tempo eu não posso mudar um país inteiro, eu tenho que respeitar e me adaptar. Acredito que para qualquer viajante é importante “se camuflar” um pouco no meio dos moradores locais. Quanto mais a gente se parece com um local, mais tranquila é a viagem, pois menos pessoas vão tentar nos pegar com “armadilhas para turista”.

Acho que a mulher não pode deixar de viajar por medo, ela só precisa estar sempre ligada nos truques e macetes do destino para onde vai, para isso existem os blogs de viagem que sempre dão dicas boas e atualizadas!

 

Há alguma experiência de viagem que se destaca e você considerou mais especial?

O continente que fiquei por mais tempo foi a Europa, então me acostumei a viajar por países, digamos, mais “fáceis”. Se pensarmos bem, viajar pela Europa é muito mais simples do que viajar pela Ásia por exemplo. Em países da Ásia muitas vezes a única comunicação que se tem é a mímica, enquanto na Europa dá pra se virar com inglês, mesmo que você fale pouco. Então, depois de 2 anos de Europa, mesmo que tenha passado perrengues diversos, eles não se comparam aos perrengues da China.

Viajar pra China era uma experiência diária de descoberta, mesmo que fosse apenas uma ida ao banheiro, ou um almoço. Tudo era diferente, tudo era novidade, tudo tinha um gosto que eu nunca tinha experimentado, ou no caso do banheiro uma posição! Hahaha

Quando terminei de subir os degraus da Muralha e vi as florestas que a cercam lá de cima, foi um momento inigualável, e que recomendo para qualquer pessoa. Não é barato conseguir chegar até a China, pois as passagens são sempre caras para aqueles lados, mas vale a pena guardar um dinheirinho e seguir as dicas do Virando Gringa para economizar quando chegar lá.

 

Como surgiu a ideia de criar o blog?

Eu sempre gostei de escrever, mas fazia isso para mim mesma, com diários. Depois que viajei pela primeira vez para a Holanda, comecei a escrever para minha família, só para fazer eles rirem dos meus perrengues. Em 2015, depois de 4 anos “brincando” de blog, decidi torná-lo algo profissional, minha primeira parceria comercial foi com o HostelWorld (site que usei muito e confio), e hoje em dia tenho outras parcerias graças às dicas e à força da RBBV (Rede Brasileira de Blogueiros de Viagem) que orienta os blogueiros e mostra que para “viver de blog” é preciso ralar muito. Eu ainda não vivo de blog, trabalho como Tradutora num escritório de patentes, mas o blog já é parte da minha renda e me ajuda a viajar mais. 🙂

Em 2016 consegui fechar uma parceria com o SESC Campinas, cuja equipe teve muita paciência comigo, “marinheira de primeira viagem” no quesito de falar em público. Foi uma ótima experiência pra mim, e eles me ajudaram muito. Depois da experiência de 2016, repetimos mais duas vezes em 2017, então já foram duas apresentações sobre Viagem Barata em março de 2016 e março de 2017, e uma sobre Bolsas de estudo em maio de 2017. Estou me aprimorando sempre, para que essa parceria seja produtiva para todos, e cada vez mais gente consiga planejar uma viagem barata independente.

 

Quais são os planos para dar continuidade ao projeto?

Em 2017 quero trabalhar mais vezes com o SESC, quem sabe apresentar em outras cidades além de Campinas, e quero ampliar a gama de parceiros. Quero compartilhar minhas experiências de viagem barata com outras instituições, e espalhar esse conhecimento para mais gente, pois tive a sorte de conhecer pessoas que compartilharam conhecimento comigo há anos atrás.

Quero conhecer melhor a América Latina e o Brasil, pois às vezes tenho a impressão de que conheço melhor a Holanda do que minha terra natal e isso me dá um pouco de vergonha (haha)

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