Mulheres viajantes: Pela eternidade, se possível~ Adriele Nunes

12857_359710280790399_1674298093_n

Eis que num certo dia ela resolveu seguir, muito além, para muito, muito distante… E, então, realmente foi.

Passou por muitas ruas, distintas entre elas, semelhantes entre as regiões. Algarve, Alentejo, Málaga, Galícia, Sevilla, Granada, capitais, Europa Central, Mediterrâneo, países do antigo Bloco Soviético e até uma pontinha da Ásia e do Norte da África, ela esteve.

E foi lá, ao atravessar o Deserto do Saara que junto com outros, ela alcançou talvez o ápice desse reencontro com os lugares e com o próprio passado dela mesma. Lá, em meio a uma cadeia de montanhas [ouviu dizer que era uma das maiores do continente africano], ela sentou e contemplou por um  loooongo tempo a vista daquele penhasco e aquele vento forte e gelado em seu rosto…

14081300_1068499443244809_1724522339_n
Monte Atlas no Marrocos – 2013

Sentiu que dali não queria mais sair [pra falar a verdade ela quase que nem se mexia], apenas queria ficar ali, pela eternidade se possível!

Então, em meio a essa reflexão, tão íntima, ela se lembrou de passados breves e não tão breves assim. Tentou inclusive se lembrar do que talvez tivesse motivado aquela jovem moça a persistir e a resistir tanto, mesmo em meio a tantos NÃOs. Pra falar a verdade, ela lembrou muito vagamente dos motivos… mas houve UM que talvez tivesse sido o mais próximo, pois naquele momento a memória dela se encheu de uma lembrança de quando era adolescente e passava as tardes conversando com uma amiga, que certa vez escreveu um texto que a marcou em seu mais íntimo. E bem lentamente ela ia se lembrando pouco a pouco das belas palavras que a amiga havia escrito, mas que nela ecoavam como facas pontudas.

E, bom, o texto era mais ou menos assim:

 

Oi,

Gostaria de dizer e agradecer por toda a dor e silêncio que a sua ausência me trouxe.

Foi a partir dela que encontrei parte de mim, que estava escondida.

Lá, neste lugar que eu nem ousava mais olhar, encontrei a vontade.

E no silêncio ocioso, a vontade deu origem a ação e foi então que aprendi a voar…

Adriele

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.