Mulheres Viajantes: Quando me tornei somente minha! ~ Camila Santos

 por Camila Santos

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A vida é feita de instantes, instantes inconstantes. Que mudam o tempo todo e tiram tudo do lugar. A minha jornada começa num instante, quando tudo era belo e se tornou incerto. A alegria e a falsa ideia de liberdade de “fazer tudo aquilo que sempre quis fazer” foi o que me enganou por um bom tempo. Foi quando o tempo parou.

As pessoas já devem estar cansadas de ouvir a minha história. Eu sou a Camila e sou a mãe da Clara, minha vida mudou no instante em que percebi a chegada dela. Conto essa história, inúmeras vezes, em diversos contextos, mas ela cabe em todos. Principalmente neste. Quando eu me tornei quem eu sempre quis ser.

Tudo começou quando eu me vi grávida e sozinha – sim, lá vamos nós de novo! – eu me sentia muito triste o tempo todo e tentava me ocupar ao máximo o tempo todo com as tarefas da gravidez, mas chegou uma hora, que eu já tinha lavado todas as roupinhas, tirado pó de todos os móveis e arrumado e desarrumado a bolsa da maternidade umas 500 vezes. Então comecei a ponderar sobre quem eu era e sobre quem eu queria ser após aquele nascimento.

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Eu sempre quis ser alguém corajosa, destemida e eu sempre quis fazer a diferença, mas ao mesmo tempo eu estava fragilizada e sabia que deveria cuidar de mim primeiro, antes de cuidar dos outros. Foi quando eu decidi que eu precisava fugir, ir para um lugar tranquilo, conhecer novas gentes, respirar novos ares. “Mas como eu faria isso com um bebê na barriga?”. Foi quando nasceu em mim a vontade de cair na estrada, mas o medo do que poderia acontecer era enorme e eu me contive, pensando na segurança do meu bebê. Então sonhei, com um projeto, em que mulheres, independente de suas condições, não teriam mais medo de viver. De serem felizes à sua maneira. E então surgiu o “Na Estrada com as Minas”, o projeto dos meus sonhos, com um grande potencial, uma ideia fantástica, mas que foi ofuscada pelos dramas e alegrias da maternidade, mas não por muito tempo.

Eu sempre soube que a estrada era o meu lar, que era bicho solto, que precisava voar, mas sempre tive medo, de ir, de vir. Sozinha. Mas quando encontrei mulheres que me encorajaram e que compartilhavam desse mesmo sonho, eu me enchi de gás e fui. Fui e não quis mais voltar. Mas tive que voltar. E agora, quero ir sempre, a qualquer lugar. Sozinha ou acompanhada. Só quero estar, no lugar que é o meu lar. A Estrada!

E quando alguém me perguntar “Onde foi que tudo isso começou?” Eu com muita felicidade responderei: “Quando eu me descobri tão minha, que não precisei de mais ninguém para me permitir ir ou vir.”

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