Antes de chegar aqui, na Espanha, a frase que eu mais ouvi das pessoas no Brasil foi “mas vai sozinha?”. Sim… Eu ia sozinha e eu não precisava ter medo. Afinal, por que precisamos viver com medo? E então eu peguei a minha mala e aterrissei em um lugar totalmente desconhecido, com pessoas totalmente desconhecidas. Eu tava pronta pra botar a minha cara a tapa, descobrir esse mundão e viver livremente. Mas então a minha maior surpresa foi que, mais do que descobrir novas culturas, eu descobri novas Lauras. Eu encontrei várias pessoas dentro de mim, e cada uma delas me motivava mais e mais a seguir em frente e pensar que o mundo, afinal, é meu sim! E eu estava lá, sozinha! Eu fui além das minhas próprias fronteiras e nunca me senti tão plena na vida. “Obrigada” eu repetia pra mim: Obrigada por me deixar ir, por me permitir voar e largar aquele medo enrustido que as pessoas jogam em cima das mulheres. É claro que eu não poderia deixar de citar as vezes em que eu fiquei com nojo dos homens que abriam aquele sorriso malicioso só por eu dizer que era brasileira; ou dos puxões no braço nas festas; ou das frases escrotas que envolviam a bunda das brasileiras. Mas menina, manda ele à merda e vai dançar a tua música. Pessoas idiotas têm em todos os lugares, não te prende por isso. Tira esse lacre feminino e vai voar. Se permita, se agradeça por estar livre. Nós somos livres, só precisamos ir – sem medo.
Eu sempre gostei de viajar sozinha, ainda mais quando é para um lugar que eu quero conhecer demais. É bom ter um tempo entre eu e eu mesma. Claro que é preciso de cuidado, afinal temos que ser realistas que o mundo ainda é bem perigoso (ainda mais para mulher)
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