Rebecca Aletheia Bitonga Travel

Bitonga Travel, uma rede de mulheres negras viajantes

Convidamos Rebecca Alethéia, idealizadora da Bitonga Travel, para nos contar mais sobre o projeto coletivo, que tem por pretensão democratizar viagens entre mulheres negras, latino-americanas, caribenhas e africanas, trazendo visibilidade a seus relatos de viagem.

Rebecca, você poderia nos contar um pouco mais sobre você e a sua formação?

Sou Enfermeira, especializada em Infectologia e Mestre em Ciências da Saúde. Eita que coisa nada a ver com viagem! Pelo contrário, quer dizer, muito a ver. Com a busca por uma graduação e realizar a faculdade de enfermagem tive a oportunidade de ter um mundo aberto com a minha caminhada estudantil e profissional com o universo de viagens, intercâmbios, cursos, congressos, atividades de extensão, palestras, aulas pela minha cidade, Estado, País e Mundo.  

O que é viajar para você?

Rebecca Aletheia Bitonga Travel

Costumo dizer que viajar é IR, viajar para mim IR a qualquer lugar, não precisa ser uma viagem à outra Cidade, Estado ou País, é o fato de simplesmente ir na casa de familiares, ir na vizinha, conhecer meu bairro, os novos lugares e espaços. Fazer novas amizades é sempre uma viagem, por exemplo. 

A palavra Travel

Assim, um ótimo exemplo que costumo dizer é em relação à palavra Travel, que no seu contexto significa: viajar, andar, percorrer, atravessar, passar por, correr, movimentar-se, deslocar-se, propagar-se.

Permitir-se ao novo

Para mim, isso é viajar. E isso no seus mais diversos adjetivos é se permitir ao novo. Costumo dizer: sabe aquela viagem que a florzinha solitária no asfalto parece algo mais lindo do mundo? Em outras palavras, é descobrir cada lugarzinho diferente ao meu redor é sempre uma verdadeira viagem.

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O seu projeto Bitonga Travel, ao lado de suas correspondentes, tem ganhado cada vez mais espaço. Você pode nos contar mais sobre como tem sido esta experiência?

Rebecca Aletheia Bitonga Travel

Eu não tenho nenhum projeto: NÓS, MULHERES NEGRAS VIAJANTES, TEMOS E SOMOS O PROJETO! Eu fui a idealizadora e precursora do projeto, porém, ele não é nada sem as correspondentes das quais proporcionam materiais riquíssimos de audiovisual, mídia digital e textos e obviamente a equipe de muito apoio, Yolanda Frutuosa, Domenica Guimarães e Maíra Silva.

A proposta da Bitonga Travel

Essa experiência tem sido magnífica, principalmente porque eu não imaginava a magnitude que o projeto iria tomar e em dias, a rede só crescia.

A proposta de sermos e termos representatividade enquanto mulheres negras viajantes, latinas, americanas, caribenhas e atualmente africanas de língua portuguesa viajantes, tem muito significado, tem muita potência e é isso que precisávamos. 

Mulheres plurais

Desta forma, não é só a história de Rebecca Alethéia que tem importância, no entanto, são muitas histórias que o mundo inteiro deve conhecer. São relatos fantásticos que brotam sorrisos, fôlegos e algumas vezes choros.

São mulheres plurais de todas as idades, lésbicas, travestis, africanas, caribenhas, latinas, gordas, magras. Mulheres que choram, que riem, que enfrentam medos e se arriscam a viajar em grupo, com a família, com o marido, filhas, sozinhas.

Mulheres, que tomam a decisão de IR e serem donas de seus destinos.

Você acredita que o fato de ser uma mulher negra influencia de algum modo a sua experiência como viajante?

Ser mulher negra influencia muitíssimo a minha experiência como viajante. Posso dizer que o racismo, sexismo e ser mulher a viajar sozinha fazem parte de um combate diário do preconceito(s) e assédios.

Dizer Não

Estamos diariamente a combater o racismo e o assédio sexual, isso cansa. Cansa na minha cidade, no meu país e no mundo. Mas também posso dizer que me tornei mais forte, consigo identificar assédios, violências verbais, não verbais. Consigo verbalizar um  NÃO.

Somos Potências

Sou dona de mim, em poder fazer as minhas escolhas em ir a lugares dos quais me sinto bem, dos quais possamos nos descobrir e redescobrir e saber o quanto somos potências, livres e donas de nossos corpos.

Uma mulher negra não apenas viaja ela transforma lugares por onde passa.

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Há alguma experiência de viagem que se destaca e você a considera mais especial?

Rebecca Aletheia Bitonga Travel

Para uma viajante todas as viagens são marcante e especiais, tem sua essência e sua história. Eu sempre digo que a última é a que fica com mais gostinho de saudade.

Viagem à África Austral

Neste momento, acabo de viajar à África Austral sozinha. Percorri 6 países: Moçambique, Eswatini (antiga Suazilândia),  África do Sul, Zimbábue, Botsuana, Zâmbia; sozinha, de transporte público, de carona e com 4 páginas no passaporte.

Tive experiências fantásticas! Ver as Cataratas Victória de helicóptero foi algo sensacional. Porque andando, você não consegue ver a dimensão daquele lugar. Escutar o som das cataratas ao andar pela cidade, poder ver as gotículas da catarata a quilômetros de distância.

Porque eu fiz boa parte dos passeios e cruzei as fronteiras andando sempre me impressionava poder caminhar e encontrar com os elefantes, hienas andando na rua com naturalidade.

Brasil é África

Realmente, eu era a intrusa no meio, acredito que essa sensação é inigualável. Imergir na cultura africana é sempre fascinante, porque a cada caminhar, eu consigo ver o quanto o Brasil é África. Eu me sinto em casa e vivenciar cada momento desse é mágico.

Assim, há outras histórias de muitos outros lugares de que eu passei e amei, porém é como eu disse, cada lugar uma história, 19 Estados brasileiros e 26 países, que são mais que números são histórias reais e vivências que eu vou levar para toda a vida. 

2019 já está na metade e quais são os planos para dar continuidade ao projeto Bitonga Travel?

Pois é, o ano passa rápido, voa. Além disso, tudo na vida é questão de ciclo, desde o nascer, a infância, a  adolescência, a fase adulta, a melhor idade, o felizes para sempre e a morte.

Considerar e respeitar cada momento do processo de crescimento é fundamental, para o amadurecimento e fortalecimento da nossa identidade.

Estamos nos fortalecendo enquanto rede e ter um crescimento saudável é o nosso maior objetivo. Hoje, além da Bitonga Travel, realizamos nossas atividades diárias. Acima de tudo, temos nossa vida secundária, somos mães, esposas, filhas e trabalhadoras onde tentamos ganhar nossas vidas e usufruir com viagens.

Portanto, acreditamos que a rede social é um caminho, porém queremos espaços e redes além do mundo virtual.

Rebecca Aletheia Bitonga Travel

O Mulheres Viajantes deseja vida longa à Bitonga Travel!

Não perca os nossos próximos passeios em São Paulo:

Os nossos passeios são voltados apenas para mulheres, porque queremos construir novos espaços de partilha e acolhimento. Mães são sempre bem-vindas.

28/07 :: FESTIVAL DE INVERNO DE PARANAPIACABA

03.08 :: MULHERES CERVEJEIRAS :: TOUR + DEGUSTAÇÃO :: SÃO PAULO

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4 comentários em “Bitonga Travel, uma rede de mulheres negras viajantes

  1. Que legal esse relato! Adorei essa experiência de viajar pela África sozinha. A maioria das pessoas pensa que tudo na África é difícil, que não há transporte público (em algumas vezes não há mesmo), mas acho essencial mostrar que é possível viajar assim!
    E as fotos estão divinas! =D

  2. Achei o máximo esse projeto do Bitonga Travel. Com certeza não experimentamos todos as viagens da mesma maneira e acho importane que as pessoas se conscientizem disso.
    Como branca, estive viajando sozinha pelo Mali (Africa) – e muitas das mulheres negras que encontrei pelo caminho não entendiam bem o conceito de viajar “só para conhecer outros países”. Muito menos viajar sozinha, algo ainda inimaginável para muitas.
    Percebi como eu era privilegiada. Felizmente isto está mudando, e por causa de mulheres como a Rebecca.
    Parabéns pelo projeto e pela ideia do post !!!

  3. Gostei muito de conhecer melhor esse projeto. Acho que encorajar e estimular as mulheres a viajar é super importante. E essa história de sucesso mostra que é possível

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