Moscou Violinista Carol Cantagallo

Ontem eu sonhei que estava em Moscou

Um sonho, um festival de música e uma violinista começando uma nova vida após o fim de um relacionamento de quase uma década, um novo emprego, a vinda da fibromalgia e das crises de ansiedade. Vem acompanhar como a Carol engatou o seu romance com a música russa e foi parar em Moscou.

Texto por Carol Cantagallo

Do frio de São Paulo para o calor de Moscou (isso mesmo e não ao contrário)


Julho de 2018 despediu-se com um tempo atípico: frio brando e muita chuva. Pelo menos foi com esse clima que cheguei ao aeroporto de Guarulhos para embarcar para a Rússia.
A viagem era a realização de um sonho antigo de participar de um festival de música em outro país. Lá estava eu: indo para Moscou, a cidade que habitou meu imaginário desde a infância pelos livros e sinfonias.
Fui sozinha. Na bagagem roupas, um livro e meu amor pela música daquele país.

Se a vida te der uma partitura difícil, toque!

Moscou Violinista Carol Cantagallo
Aquele lance com os Russos // Foto: Carol Cantagallo

Desde o final de 2017, muitas mudanças aconteceram: terminei um relacionamento que durou quase 10 anos, mudei de emprego e tomei a decisão de dar um tempo nos estudos de violino para me dedicar à música de outras formas.

No pacote destas mudanças vieram também a fibromialgia, crises de ansiedade e um possível estado de depressão.
Passei uns meses me sentindo bem pra baixo. Até que resolvi juntar os pedacinhos do meu coração, arrumar outro emprego e assumir meu
romance com a música russa.

O que levar na bagagem

Eu sempre levo um livro comigo quando viajo. Dessa vez, como a viagem era muito longa, achei que um livro longo (e de um autor russo, é claro!) seria uma boa companhia: escolhi O Mestre e Margarida (M. Bulgákov).

Esse livro me acompanhou durante os 15 dias na cidade e os longuíssimos voos de ida e volta. A história da Margarida, com suas libertações, amores e devaneios me serviu de consolo e companhia muitas vezes.

Fazendo novas amizades


Moscou Violinista Carol Cantagallo
Um pouco de como Moscou lida com a grandeza // Foto: Carol Cantagallo

Por ser um festival internacional, era certo que haveria músicos de diversas partes do mundo ali. No primeiro dia, conheci as mulheres que dividiriam o alojamento comigo: uma americana, uma indiana e uma russa.
Éramos quatro mulheres de diferentes idades, nacionalidades e culturas, e acho que dessa mistura resultaram alguns dos melhores aprendizados nesses dias longe de casa.

Logo, não era mais só o alojamento que compartilhávamos, passamos também a compartilhar nossas histórias e experiências. Nossas conversas noturnas proporcionaram alguns dos melhores momentos da viagem. Foram nessas conversas que aprendemos um pouco umas
sobre as outras e muito sobre nós mesmas.

https://www.mulheresviajantes.com/sobre-viajar-sozinha-e-nao-estar-so/

Ser mulher em terras distantes


Russos são muito prestativos quando você precisa da ajuda deles (e são sorridentes também). Não faz parte da cultura deles comentar, olhar, dar cantadas em mulheres nas ruas ou no transporte público, o que me trouxe uma sensação maior de segurança quando andava sozinha (ou com minhas amigas) nas caminhadas noturnas pela cidade ( claro, toda regra tem sua exceção: eu quase fui pedida em casamento no metrô numa tarde).
As mulheres russas são, em sua maioria, muito bonitas! E uma coisa que reparei foi que lá elas não se importam muito com padrões de beleza. Na verdade, não há um ideal de corpo ou cabelo para ser seguido, cada uma veste o que gosta e pronto.

Planejamento


Eu passei muito tempo planejando uma ida para o exterior, mas os preparativos para ir ao Festival tiveram que ser feitos rapidamente, já que eu dependia de um prazo de inscrições, aprovação e etc. Ter uma grana guardada pra isso ajudou muito!
A moeda russa, o rublo, é mais barato que o real, essa é uma vantagem lá na hora de fazer compras, porém não há como converter nosso dinheiro diretamente, então a conversão é feita do real para o dólar e do dólar para o rublo.

Cidade linda

Moscou Violinista Carol Cantagallo
O Rio Moscou que corta a cidade // Foto: Carol Cantagallo

Estudar era o foco… mas, como ficar 15 dias numa cidade tão encantadora sem se render aos seus encantos? Moscou é uma cidade grande em todos os sentidos da palavra: suas ruas e avenidas são largas, as fachadas dos prédios são imensas e ricas em detalhes.

Tentei fugir um pouco das rotas turísticas tradicionais e do centro da cidade (o fato de Moscou ter muitas estações de trem e metrô ajuda muito no deslocamento, além do fato de que muitas estações são incrivelmente bonitas!), mesmo assim, é claro que fiz aquela visita à Praça Vermelha, ao GUM (é um shopping, mas que vale a pena pela arquitetura!) e à Catedral de São Basílio.

Visitei alguns parques no subúrbio da cidade, como o Kolomenskoye e o Tsaristyno Palace, ambos com enormes áreas verdes, castelos e igrejas dentro das propriedades que, anos atrás, eram utilizadas pela família imperial. Do período soviético, visitei o Parque da Vitória, com suas esculturas, colunas e fontes dedicadas à memória dos soldados que participaram da Segunda Guerra Mundial.

Próximo à Praça Vermelha existem dois parques, o Alexandrovsky Garden, onde fiquei impressionada com a quantidade de flores coloridas enfeitando o jardim logo depois do inverno rigoroso, e também o Zaryadye Park, com um mirante onde é possível ver boa parte da cidade e ter a sensação que você está sobre o rio Moscou.

Se você for louca por literatura russa, como eu, lá tem muitas casas-museus de autores para serem visitadas.

Ah, olha que legal: se você for estudante, de qualquer parte do planeta, você entra de graça nos museus.


O que eu trouxe na bagagem

Um jeito diferente de ver a vida. Foram poucos dias de convivência, mas suficientes para que nós quatro criássemos uma rede de amizade e proteção. Aprendemos sobre a cultura e os gostos umas das outras (ficará para sempre na minha memória o encanto delas aos ouvirem os Choros de Villa Lobos e a voz de Chico Buarque), rimos bastante, bebemos vodka, cantamos, nos emocionamos, choramos no dia da despedida.

Sentir-se em casa longe de casa


Poucas vezes tive a grata sensação de me sentir plena em algum lugar. Nessa viagem, eu consegui isso: a sintonia da minha essência, mesmo estando tão longe de casa.
Voltei de lá com o coração aquecido (pronta para enfrentar o friozinho que me esperava no retorno à São Paulo).


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